quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pesquisa bibliográfica acerca da história da Psicologia no Brasil com ênfase na Bahia e seus pioneiros.


Algumas informações sobre o pensamento psicológico produzido no período colonial podiam ser encontradas no artigo de Samuel Pfromm Netto, intitulado “A psicologia no Brasil’. Entretanto, somente a pesquisa pioneira realizada por Marina Massimi. Concluída em 1984, trouxe extenso e minucioso estudo sobre essa temática. Com base nesse trabalho, procuraremos tão somente traçar uma breve caracterização da produção referente aos fenômenos psicológicos nesse período.
As mais antigas bases sobre as quais, mais tarde, veio à psicologia a se estabelecer no Brasil são reveladas pelo pensamento psicológico produzido nesse momento, denominado por pessotti como período pré-institucional da psicologia, por não terem as obras então produzidas vínculos diretos com instituições especificas, como viria a acontecer posteriormente.
A preocupação com os fenômenos psicológicos aparece em obras oriundas de outras áreas do saber, tais como: Teologia, Moral, pedagogia, médica, política e até mesmo Arquitetura; encontram-se, nestas, partes dedicadas ao estudo, análise e discussão de formas de atuação sobre os fatos psíquicos.
Os autores brasileiros, com exceção de algumas que, embora tenham nascidos em Portugal, aqui passaram a maior parte de suas vidas. Em geral, tiveram formação jesuítica e cursaram universidades européias, particularmente a universidade de Coimbra.
A maioria desses autores exercia função religiosa ou política tendo vários deles ocupado importante cargos na colônia ou na metrópole.
As obras são impressas na Europa, sobre tudo em Portugal, pois ainda não havia imprensa no Brasil. Encontram-se nessas obras preocupações com os seguintes temas: emoções, sentidos, auto-conhecimento,educação de crianças e jovens, características do sexo feminino, trabalho, adaptação ao ambiente, processos psicológicos , diferenças raciais, aculturação e técnicas de persuasão de “selvagens”, controle político e aplicação do conhecimento psicológico á pratica medica.
São encontradas referencias sobre emoções e pratica de seu controle ou “cura”, geralmente em sermões de edificação ética- religiosa, de autores como padre viera, frei Mateus da encarnação pinna e padre Ângelo ribeiro de sequeira; em obras de filosofia moral, como a de Mathias Aires ramos da silva de Eça, e obras medicas, como as de Francisco  de melo franco.Tais obras apontam para analise de âmbito comportamental e tratam de assuntos como:amor. Saudade. Vaidade. Ódio ou tristeza. Sobre isso, Massimi (1987.p.100)afirma: ”As emoções, chamadas de ‘paixões’, são consideradas pelos autores ‘forças’ potentes e cegas que, se excessivas podem afetar o equilíbrio do organismo, tornando-se ‘enfermidades ‘.”
No estado da Bahia, devido a preconceitos, resistências, o início do curso teve um atraso de uma década. Essas são as causas do atraso que retardou o objetivo de João Ignácio de criar o curso de Graduação em Psicologia na Universidade Federal da Bahia. Nas décadas de 50 e 60, ainda imperava o domínio do ensino médico que por tradição possuía alto nível de status social. Sendo assim, o nascimento de um curso de Psicologia ameaçava uma área profissional até então ocupada por médicos de várias especialidades e até mesmo por clínicos gerais.
Na Bahia, Nina Rodrigues (1939) aplicou o paradigma ao contexto social no final do século XIX produzindo conhecimentos sobre aspectos do ambiente cultural, de tipos humanos, do comportamento de grupos e de pessoas.
Nina Rodrigues falou do atraso econômico do estado Baiano á predominância de  negros e aos mestiços, que, com suas doenças, tradições e costumes e crenças, influenciavam a população. E concluiu que tanto a decadência do estado quanto o caráter epidêmico da doença conformavam uma enfermidade decorrente de uma e patológicas.
A descrição antropológica que daria sustentação á sua análise de movimentos sociais.
Rodrigues se inspirava na produção científica de europeus que tornava patológicos os conflitos da vida cotidiana, situou os seus estudos sobre movimentos de massa como constitutivo da psicologia social.
Uma parceria da cadeira de Psiquiatria com o Instituto de Seleção e Orientação Profissional da Fundação Getúlio Vargas, propiciou em 1955, treinamento em técnica de entrevista e testes projetivos para alunos da área médica da Universidade. Devido a reivindicações do professor João Mendonça e de um grupo de estudantes, não foi possível excluir os alunos de Pedagogia e Filosofia. Esta parceria criou, em 1958 o Instituto de Orientação Vocacional. Devido a esta iniciativa de criação do IDOV, o instituto terminou sendo constituído por alunos recém formados dos cursos de Filosofia e Pedagogia e por alguns profissionais mais experientes da mesma área.
Apesar de o IDOV ter sido criado como órgão suplementar, o Professor João Mendonça alimentava o sonho de um dia ele também ser um espaço natural Em 1961, mudanças ocorridas nas estruturas de poder da Universidade levaram o Professor João Mendonça a solicitar providências para a criação do curso de Psicologia. A viabilização dependia de modificação no regimento Interno da Faculdade de Filosofia. Mesmo assim o projeto foi aprovado. Porém depois de o projeto adormecer por um ano na Reitoria, João Mendonça reiterou a solicitação ao Conselho Departamental, ao tempo em que comunicou a aprovação da Lei Federal 4.119, de 27 de agosto de 1962, que regulamenta a profissão de psicólogo no País.
A psicologia passa a ter um conhecimento próprio tornando-se detentora de um determinado mercado de trabalho, ainda que compreendido entre a medicina e educação.

Referências: 
Brasil, lei n°4.119 de 27 de agosto de 1962;

 Decreto, lei n°. 53.464 de 21 de janeiro de 1964;

Conselho federal de psicologia, (1988), Quem é o psicólogo brasileiro? São Paulo.

A psicologia no Brasil, Mitsuko Aparecida Makino Antunes

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